Resumindo
segunda-feira, 1 de julho de 2013

Começou
assim: Olhares envergonhados na terceira, quarta, quinta série, amores
platônicos na sexta, beijos molhados com gosto de pipoca de cinema na sétima, beijos
escondidos do papai na escada do shopping, amores virtuais, casos de festinhas
de play e ai surgiram as borboletas, mas com a mesma intensidade que vieram, se
foram. E ai o amor, o primeiro, divertido, complicado, distante, por fim, um Don
Juan perto de um pobre coração doce de menina aprendendo a amar. E aí valia
tudo, beijos atrás da igreja, do coreto e da padaria, despedidas rápidas e
dolorosas no portão da casa da vovó. Valia correr 600 km, valia esperar meses,
só por um sorriso, afinal, era amor, amor ingênuo e puro. E ai a decepção,
porque como bom Don Juan, apenas a conquista já estava de bom tamanho, mas o
coraçãozinho de menina chorou, chorou até murchar, chorou ate não ter mais como
chorar, e então ele inflou, inflou de ego, de amor próprio, de força e ai
conseguiu seguir em frente, mesmo que às vezes ele doesse um pouquinho ao escutar
aquela musica.
Ai
então o coração ficou guardado e quem veio a ativa foi o fígado, pra aguentar
toda aquela vodca com energético, e no meio de tantos fígados encontrou um
outro fígado legal, um fígado que vez ou outra fazia par com o meu, e os dois
eram a dupla perfeita, eram amigos de verdade, e ai um dia que o fígado estava
cheio demais, o coração bateu, bem devagar, porém durou um segundo inteiro, e
ai ele voltou, voltou fazer cócegas quando meu fígado encontrava o tal outro
fígado. Porém no meio de nossos fígados, surgiu uma viagem, e nessa viagem meu
coração que já batia outra vez, conheceu outro, e eles bateram juntos, rolaram
na areia, na piscina, e seguiram o compasso da batida do Axé Moi, retornaram
juntos para as rotinas dos seus dia-a-dias, e se apaixonaram, não só os
corações, mas os fígados, os rins, pulmões, línguas, braços e pernas, eram
corpos completos, juntos, um par que de tão idênticos eram como um. E então eu parti.
Faz
dois anos que parti, e conheci outros corações e tantos outros fígados, mas
toda essa história se resumiu ao te ver ali, ajoelhado pra mim, me olhando nos
olhos, e me oferecendo o que nenhum outro ofereceu com tanta sinceridade. Todo
amor vivido, todo coração batido pareceu pequeno perto desses segundos, os
segundos que você segurava minha mão, meio sem graça, meio com medo,
apreensivo, esperando minha resposta. Que não podia ser outra a não ser sim.
Sim, porque meu coração bate forte outra vez, perto do seu, porque meu braço
busca seu corpo pra te enlaçar a mim, porque meus olhos não saem do seu
sorriso, sim porque é natural estar com você, querer você. Sim porque quero
voltar a ser menina e aprender a amar outra vez, e dessa vez um amor que vale a
pena.
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